VIDEO - Paulistão 1977 Basílio liberta a alegria presa no peito corintiano
Campeonato Paulista - 1977
O fim do jejum 22 anos, 8 meses e 6 dias.
Foi esse o tempo em que o corintinao demorou pra gritar campeão novamente, após a conquista do título e 1954. A torcida não aguentava mais tanta gozação. Foi um verdadeiro martírio, mas que teve fim no sagrado ano de 1977. O fim das gozações. O reeencontro com os títulos.
Veio, como não poderia deixar de ser, de modo sofrido. Mas veio. Vamos ver como foi.
O Corinthians não começou bem o campeonato, que teve o Botafogo de Sócrates como vencedor do primeiro turno. Restava vencer o segundo turno para continuar com chances no campeonato. E não deu outra. Em 18 jogos, o time vence 13 e vai disputar o título do turno.
Na semifinal, ganha do São Paulo por 1 a 0. Na final, disputada no dia 31 de agosto, vence o Palmeiras por 1 x 0, gol de Geraldão aos 26 minutos do segundo tempo.Vem o terceiro e último turno. Os oito melhores times do campeonato lutam por duas vagas. Com duas derrotas nos quatro primeiros jogos, o Corinthians é obrigado a vencer os três últimos compromissos, contra Botafogo, Portuguesa e São Paulo, para continuar respirando no torneio. Ali o Corinthians mostrou que aquele título seria nosso. Venceu o Botafogo e a Portuguesa, ambos por 1 x 0, e o São Paulo por 2 x 1.
Com essas três vitórias o Timão vai para a final enfrentar a Ponte Preta, que contava com craques como Carlos, Oscar, Polozzi, Dicá e Rui Rei. Como havia perdido três jogos para a Ponte durante o campeonato, sendo um em Campinas por 4 a 0, o Corinthians festejou a decisão da Federação Paulista de Futebol de colocar todos os jogos das finais no Morumbi. No primeiro deles, dia 05 de outubro, vitória corintiana por 1 a 0, com gol de cara de Palhinha. O título estava perto, muito perto.
A torcida, feliz, já se preparava para fazer a grande festa no domingo, dia 9 de outubro. Com um simples empate, o título, finalmente, iria para o Parque São Jorge. Entusiasmada, a torcida do Timão compareceu em massa ao Morumbi e estabeleceu o recorde de público do estádio que dura até hoje: 138.032 espectadores. O clima parecia propício para o fim do jejum. Mas, com a contusão de Palhinha no primeiro tempo, a incerteza começou a aparecer.
O gol de Vaguinho, que substituíra o atacante, aos 43 minutos, parecia colocar tudo de volta ao normal e deixar a torcida em delírio. Vem o segundo tempo e, para desespero da Fiel, a macaca reage. Dicá, aos 22 minutos e Rui Rei, aos 33, viram o jogo e calam o Morumbi. A decisão estava adiada para quinta-feira à noite. Apesar de não ser tão grande como no domingo, a torcida corintiana enche o Morumbi para ver aquele que seria o jogo da libertação, do fim do jejum, que já durava 22 anos, oito meses e seis dias. 13 de outubro de 1977. Uma data que entrou para a história do Corinthians e do futebol brasileiro.
O Dia da Libertação Corintiana!
Começa a partida e logo de cara, aos 16 minutos, mais de 80 mil corintianos vêem o perigoso atacante Rui Rei reclamar com o juiz Dulcídio Wanderley Boschillia e ser expulso. Quem temia por uma nova tragédia passou a ficar mais aliviado. Mesmo precisando de um empate no tempo normal e na prorrogação, o Corinthians foi para cima da Ponte. Geraldão, artilheiro do Timão naquele campeonato com 24 gols, quase abre o placar aos 39 minutos, após aproveitar um cruzamento de Vaguinho. Chega o segundo tempo.
Os dois times entram nervosos e muito cautelosos. O medo de tomar um gol fez com que as equipes ficassem apenas se defendendo. Em raros contra-ataques, o perigo aparecia. Em um deles Dicá, da macaca, cabeceia livre na área. Para fora. Assustado, o técnico Brandão se levanta e manda o time para o ataque. Aos 36 minutos, Zé Maria bate uma falta pela direita.
A bola percorre toda a pequena área e vai parar no pé de Vaguinho, que, de bico, chuta a bola no travessão do goleiro Carlos. Na volta, ela quica no chão e sobe para Wladimir cabecear. Em cima da linha, Oscar, também de cabeça, salva. Mas no rebote, a bola sobra para o pé direito de Basílio.
O meia, com toda a força, faz então o esperado gol. Festa no Morumbi. Restavam apenas 8 minutos. Nessa hora, não havia mais esquema tático. Pouco antes de acabar, Oscar e Geraldão, que foi o artilheiro do campeonato com 24 gols, brigam e são expulsos. Aos 46, Dúlcidio pede a bola e encerra a partida: o Corinthians é campeão. Fim do jejum. Fim do sofrimento.
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