Guilherme Paraense e o primeiro ouro no caminho do esporte olímpico brasileiro
O tenente Guilherme Paraense (1884–1968) foi o primeiro atleta brasileiro a conquistar uma medalha de ouro olímpica para o país, na modalidade tiro esportivo, nos VII Jogos Olímpicos de Verão, em Antuérpia (Bélgica), em 1920. Naquele ano, o tenente, junto com outros 20 esportistas, fez parte da primeira delegação brasileira a disputar uma edição dos Jogos. Nascido em Belém do Pará, no dia 25 de junho de 1884, Paraense foi ainda menino para o Rio de Janeiro, onde, aos 5 anos, começou a frequentar a Escola Militar de Realengo.
A prática do tiro era exigida no exercício de suas atividades como militar. Sua tranquilidade o fazia atirar com mão firme, invariavelmente acertando o alvo, independente do formato que tivesse. Seus atributos logo lhe renderam conquistas: no final da década de 1910, o tenente foi campeão brasileiro e também sul-americano na modalidade tiro com revólver. Em 1914, junto a um grupo de atiradores, fundou, no Rio de Janeiro, o Revólver Clube, destinado a conferir maior atenção à prática do tiro esportivo, que vinha ganhando um número crescente de adeptos. O clube favoreceu a realização de torneios e aprimorou o desempenho de atletas dedicados à modalidade.
Diante dos resultados, Paraense foi convidado a compor a primeira equipe brasileira de tiro, que partiu rumo a Antuérpia com parcos recursos, numa viagem que durou 28 dias a bordo de um navio mercante cedido pelo governo federal. Numa escala em Portugal, a equipe de atiradores decidiu seguir de trem até a Bélgica, pois o navio não chegaria a tempo do início da competição. Na prova de pistola de tiro rápido individual, em um campo aberto e com muito vento, o tenente marcou 274 pontos dos 300 possíveis, ficando apenas 2 pontos à frente do 2 ºcolocado. A conquista inédita da medalha de ouro entrou para a história do esporte brasileiro.
Em 1989, o pioneiro do ouro foi homenageado pelo Exército brasileiro, que batizou com o nome Polígono de Tiro Tenente Guilherme Paraense o conjunto de estandes de tiro da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sediada em Resende (RJ), onde, além disso, é realizado anualmente um torneio que também leva seu nome, válido para o calendário brasileiro de competições de tiro esportivo.
Texto baseado no livro Heróis Olímpicos Brasileiros, da autora Katia Rubio (Editora Zouk, 2004). Foto: Livro História do Tiro ao Alvo
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