Torres: Desde Romário, em 1994, a Seleção não tinha um "dono"... até Neymar dominar esta geração
Um semana já em Santiago, seguindo de perto os passos da Seleção. O tempo voa, pois são 11, 12 horas de cobertura todos os dias. E no frio... Para completar, a equipe Goal.com está hospedada no mesmo hotel do time canarinho, o que nos deixa ainda mais atentos. Porém, três fatos andam me chamando a atenção ao longo da Copa América e no convívio diário com o Brasil.
1) Após Romário, a Seleção não conviveu mais com um "dono". Até Neymar aparecer...
Desde 1994, a minha primeira Copa do Mundo acompanhando bem o futebol (tinha 11 anos, na ocasião), não me lembro da Seleção tão centralizada num único jogador. Se Romário era o "dono" daquele time, Neymar manda e desmanda nesta geração. O capitão está tecnicamente muito acima dos companheiros. As bolas sempre passam pelo camisa 10, que também tem autonomia de movimentação e liberdade total para lances individuais, dos quais, muitas vezes, abusa. É impressionante! Se por um lado, amadurecemos um craque - desde Kaká, em 2007, não ganhamos a Bola de Ouro -, por outro, caminhamos para uma dependência absurda, e perigosa. Uma lesão de Neymar e o que acontecerá? Vale lembrar também que o "ego" do jogador cresce na mesma proporção que sua importância. Isso é natural.
2) De "general" a "psicólogo"
Alguns jornalistas nem se dão ao trabalho de ir às coletivas de imprensa de Dunga. O motivo? Já sabem o que vão escutar. As respostas surpreendentes, análises intempestivas e a face dura deram lugar a uma versão "light", "chapa branca".
O técnico abraçou a causa de motivar os jogadores, de reerguer o emocional da turma, após o vexatório Mundial. É como se estivesse à frente de uma grande clínica de reabilitação. Essa é a sua missão, arquitetada por José Maria Marin e Maco Polo Del Nero.
Os avanços táticos são notórios, se comparados aos da equipe da "família Scolari". Mas ainda é muito pouco. A evolução tática e técnica parecem objetivos secundários . Agora, o necessário é "dar carinho" aos atletas, come Dunga mesmo gosta de frisar.
Como a imprensa dos outros países da América do Sul tem uma outra relação com suas seleções. São muito mais vibrantes. O lado negativo é que acabam se envolvendo demais e o "jornalismo" crítico perde força. No entanto, creio que seus leitores consigam viver, por meio de seus relatos, toda a emoção de uma cobertura de seleção. Isso é muito legal. O público se transporta para cada estádio, cada treino. Aqui no Brasil, amamos muito mais nossos clubes do que a Seleção. Por isso, o distanciamento com o combinado canarinho torna-se comum.
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